Qual a diferença entre amor e paixão?

Qual a diferença entre amor e paixão?

De cara eu posso te falar que, apesar de haver um conceito básico que trate do amor, como o sentimento mais valorizado e vivenciado, e a paixão como sentimento mais voltado à mera volúpia, é fato que cada pessoa interpreta o amor e a paixão de maneira diferente.

Portanto, a escolha entre vivenciar a paixão ou o amor ou mesmo ambos( anelo de muitos,) está diretamente relacionada aos nossos desejos mais íntimos, a nossa história e necessidades intrínsecas. E também como vivenciamos a afetuosidade, a nossa sexualidade, a nossa personalidade e a nossa formação definem o conceito que temos sobre amor e paixão.

Dá para confundir amor com paixão ?

Você, em seus relacionamentos, certamente já viveu casos de paixão intensa e também as docura e argúrias do que é amar. Porém, não estranhe se, em muitos momentos, “confundiu as estações” e imaginou amar alguém por quem sentia “apenas” paixão, ou se sentiu apaixonado (a) quando, na verdade, o que estava dentro de você era amor.

Essa confusão de sentimentos é algo mais do que normal. Eu mesma me confundo, às vezes, e tento analisar profundamente para identificar o que realmente estou sentindo. E é assim ocorre com a maioria das pessoas (eu até me arrisco a dizer: com todas as pessoas).

A verdade é que ambos os sentimentos são enriquecedores e valem a pena de serem vividos com intensidade. Porém, você já deve ter ouvido algo do tipo: tudo em excesso acaba fazendo mal, acertei? Pois é, esse também é um dos motivos pelo qual devemos saber diferenciar amor de paixão.

E, no meio de tantos relacionamentos, necessário se torna ter em mente as características de cada uma das sensações em questão e o que elas podem nos causar (de bom e até de ruim), pois tendo essa balança dentro de nós podemos manter o equilíbrio. Sendo assim, resolvi compartilhar com você um pouco da minha experiência e o quê os estudiosos pensam sobre isso. Acompanhe.

O que eu entendo por paixão?

A paixão é um sentimento mais rápido, intenso e arrebatador. Se o amor vai se fortalecendo aos poucos, com a convivência e conhecimento mútuo, a paixão já começa acelerada, numa rotação que envolve, alucina e, muitas vezes, nos deixa quase que hipnotizados.

A paixão, posso dizer tem uma relação intensa com o prazer e a sexualidade. E ela é tão forte que nos impulsiona e gera idealizações. Em outras palavras, é uma sensação de euforia, de projeções que, em muitos casos, não equivalem à realidade vivida.

Como os estudiosos conceituam a paixão?

De acordo com Freud[2] a paixão é cega pois a pessoa não quer ver os defeitos do outro, chegando a hora que o confronto com a realidade é inevitável e o corte assim também, isto é, a paixão que se desejava vai ser confrontada com a figura real e a dor da frustração virá à tona.

Para Flavio Gikovate[3] psiquiatra, a paixão é um vício, e é estressante, dolorida e frustrante. A paixão é formada por pessoas que são muito parecidas e tem um medo de perder aquela euforia. A paixão não é somente um anseio erótico ardente, mas ela é sentimento muito mais ligado ao romantismo ao onírico, e pode se transformar em um lindo amor ou tragédia, se for o caso da ruptura.

Segundo Bhagwan Shree Rajneesh[4]  filósofo nascido na India, considera que na paixão você não tem escolha de quem chega, você então age como um mendigo. Você estava na solidão e a pessoa que chegou também. Você estava oculto no canto e quem chegou também.  Você aceitou o que chegou e por isso que diz que “foi algo inexplicável” O mesmo atrai o mesmo! dois carentes encontram-se.

Osho, mais uma vez traz sua contribuição afirmando, [5] que o ser é feito de furos.  Esses furos sempre querem ser preenchidos, mesmo que você já os tenha esquecido eles estão lá, e se não cuidamos dos mesmos, a paixão mais uma vez pode nos matar, ela pode penetrar neste vácuo como euforia e pelos mesmos furos sair como depressão.  Só a compaixão é terapêutica!

O que eu entendo como relação de amor?

Cabe dizer, que eu entendo o amor como um sentimento duradouro, que cria raízes na vida dos envolvidos e se perpetua de uma maneira equilibrada e recíproca. É aquele tipo de sentimento que gera segurança, confiança e que faz com que a gente tenha vontade de construir algo com o outro porque o outro tem um caráter condizente com o meu.

Definitivamente compactuo com Flavio Gikovate em sua definição de amor: “ Só aqueles que têm boa formação moral, os que se põem no lugar dos outros e se preocupam com o bem deles, é que têm real capacidade de amar”[1]

O que é o amor para os pesquisadores?

Tudo que pensamos com um sentimento de amor e serviço como cenário e sentimento é exatamente aquilo que vai ser manifestado no mundo externo. Temos que aprender a pensar, assim sendo devemos pensar um pensamento pensado, escolhido e desejado. Isto é que é amor!! Pensar com as condições que nosso cérebro tem de realizar. O amor é para criar e multiplicar. Isso é Lei Universal. Todo pensamento com um elevado estado de espírito e energia alta são amor de Deus dentro de nós.

O amor é lei motivadora da vida. Quando amamos servimos e servindo multiplicamos a abundância. Agindo com amor multiplicamos todas as coisas em nossa vida, além de acrescentar valor para a humanidade. Não vale reconhecer a lei de que os pensamentos tornam-se coisas, se não houver amor. Pensar positivamente pode apenas ser um pensamento egoísta. O amor não tem ligações com hostilidade, raivas,rancores e mágoas. Amor é ter intenção. Vale a pena conferir o livro de U.S. Andersen. As três palavras mágicas. Ed Record de 1980.

Veja as principais diferenças que podem resumir o que é amor e paixão  

Eu tenho certeza de que você tem os seus próprios conceitos de amor e de paixão e, certamente, têm relação direta com suas experiências de vida. Porém, independente de qualquer coisa, penso que é essencial tirarmos aprendizados e não nos deixarmos levar por possíveis frustrações.

Digo isso porque são essas experiências (as boas e as ruins) que nos preparam para viver sentimentos cada vez mais seguros e verdadeiros. E antes que alguém diga para você que o que vale a pena é o amor e que não podemos confiar na paixão, afirmo que isso é um equívoco.

Ambos, apesar de não serem iguais, são sentimentos muito importantes. Sendo assim, apesar da complexidade do tema como já exposto acima, aponto abaixo algumas  diferenças básicas para o leitor poder ter um parâmetro entre o que é o amor e a paixão:

1- A paixão é movida por idealizações. Projetamos no outro algo que desejamos, mesmo que a pessoa não tenha nada a ver com as nossa expectativas.

2- Os traços que geralmente fomentam a paixão são os físicos. Por exemplo, a boca, os olhos, as penas, etc.

3- O amor também considera as características externas; porém, o que mais é levado em conta são traços interiores, como valores, postura, etc.

4- Há pouca (ou nenhuma) idealização no amor. Quando um casal se ama, este sentimento é construído através das qualidades e dos defeitos de ambos.

5- A paixão não dura muito tempo (há quem diga que, no máximo, 2 anos). Depois desse tempo, ou termina, ou se transforma em amor.

6- Já ouviu falar do amor à primeira vista? Em geral, isso não acontece. A paixão é que vem logo nos primeiros momentos.

7- Geralmente, um casal apaixonado quer estar junto a todo o tempo; é uma euforia só. O amor já não tem essa configuração, na maioria dos casos , porque o amor é flexível.

8- O amor se fortalece na reciprocidade. Já a paixão, em muitos casos, ela se nutre das ações de apenas um dos lados (mas isso não é uma regra).

Agora que você sabe como diferenciar o amor da paixão, gostaria que compartilhasse comigo algumas de suas experiências com estes dois ricos sentimentos. A gente aprende muito com cada relacionamento e, quando dividimos com os outros, sempre ajudamos alguém.


[1] www.gikovatelojavirtual.com.br

[2] FREUD. Sigmund. Médico Psiquiatra (1856-1939), Foi o criador da psicanálise e a personalidade mais influente da história no campo da psicologia. Ele acreditava que boa parte daquilo que vivemos- emoções, paixões, impulsos e crenças- surge a partir de nosso inconsciente e não é visível pela mente consciente. Para ele as lembranças traumáticas ficam ‘bloqueadas’ na memória de um indivíduo, mas continuam ativas sem sabermos e podem reaparecer em certas circunstâncias.

[3] Gikovate, Flávio.( 1943-2016). Medico psiquiatra e psicoterapeuta. Nos 30 anos anteriores a sua morte escreveu mais de 25 livros relacionados com a vida afetiva, sexual e seus reflexos na sociedade.

[4] MOHAN JAIN, Chandra. (1931-1990).  Também denominado pelo mesmo de OSHO, foi um guru indiano, filósofo, conhecido por se opor às religiões tradicionais. Rebelde e talentoso formou-se em filosofia pela Universidade de Sagar onde recebeu o título de mestre em 1957, tendo sido professor na Universidade de Jabalpur. Nos anos 70 apresenta suas primeiras técnicas de meditação, tendo as mesmas a tonalidade de sexo e transcendência. Bhagwan afirmava sabiamente que “a menos que você viva o sexo intensamente será impossível chegar à meditação profunda”.

[5] Nome que o guru Rajneesh adotou em 1989 para si mesmo, cujo significado é ‘Alto sacerdote’ em japonês.

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